Governo
Pelotas representada na transição federal
Pelotenses aparecem tanto na equipe de construção da nova gestão como representando entidades nos debates
Foto: divulgação - DP - Sandrali foi indicada através do Movimento Negro Unificado
Por Rafaela Rosa
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Ìyá Sandrali Bueno se soma à vereadora Miriam Marroni (PT) e a Ederson Silva e é mais uma pelotense que integra a equipe de transição do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Liderança do movimento negro e filiada ao PT desde 1993, ela faz parte do Grupo Técnico (GT) de Mulheres, que se debruça sobre pautas como enfrentamento de violências contra a mulher e o protagonismo feminino em todos os espaços. O nome de Sandrali foi indicado através do Movimento Negro Unificado. Além dos citados, mais três pelotenses participam dos debates, não como membros da transição, mas representando entidades e coletivos.
Sandrali foi candidata a vice-prefeita de Pelotas em 2020 na chapa com Ivan Duarte (PT) e nas eleições de 2018 e 2022 concorreu a deputada estadual. Agora integrando os debates de construção do novo governo federal, cita que o GT do qual faz parte é plural e observou critérios de diversidade regional, de gênero e de raça antes de começar os trabalhos. Entre as atividades que a pelotense participa, estão os momentos de escuta com organizações e gestoras nacionais da temática. “A nossa grande questão é a preservação da autonomia das mulheres”, diz.
Sobre o diagnóstico que vem sendo levantado pelo grupo, Sandrali adianta que é possível perceber o que classifica como um desmonte na área. “Vamos fazer um relatório que aponte pontos de alerta, sugestões sobre as emergências orçamentárias e sugestões de revogação de atos normativos. Também estamos fazendo uma seleção de estrutura organizacional do Ministério [da Mulher], pois não abrimos mão de sua criação.”
O trabalho, mesmo quando está em Pelotas, é permanente e com reuniões virtuais. O próximo passo do GT é finalizar o documento e se encontrar novamente em Brasília na próxima semana. “O mais importante para nós é poder contribuir com o Brasil através do nosso conhecimento e colocar novamente o protagonismo da mulher em destaque”, diz Sandrali.
Ativos nos debates
Uma das estratégias adotadas pelo governo de transição é ouvir a sociedade civil, movimentos, instituições e coletivos. Por isso, Julieta Fripp, diretora da Faculdade de Medicina da UFPel, Tereza Fujii, coordenadora da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas (Fasubra), e Antônio Soler, advogado ambientalista, também são pelotenses envolvidos nesta da troca de governo. Mesmo não fazendo parte diretamente da transição, o trio participa de debates nos grupos de trabalho.
A diretora da Famed esteve nas agendas de Brasília e participou das reuniões dos grupos de saúde e educação. Na oportunidade, um documento foi entregue com uma série de sugestões. “Principalmente sobre a Ebserh, com intuito de sugerir novas estratégias em relação a gestão dos hospitais universitários, potencializando sua essência que é a formação. Também a explícita necessidade de maior integração entre os hospitais universitários.” O ofício foi protocolado no primeiro relatório do GT, já entregue à equipe de transição.
Na área da saúde, Julieta representou a Frente Pela Vida, movimento que integra. “Em defesa da política nacional de cuidados paliativos e também o fortalecimento das redes de atenção à saúde. Essas redes vêm sofrendo muitas descontinuidades, principalmente orçamentárias, então encaminhamos a proposta de potencialização das redes”, afirma.
Meio ambiente na pauta
Resgatar a democracia ambiental e proteger o Pampa. Foram essas as duas principais pautas levantadas por Soler nos debates do GT Meio Ambiente. Representando o Centro de Estudos Ambientais (CEA) e o Fórum de Defesa da Democracia Ambiental (FDAM) o pelotense levou uma série de considerações, diagnósticos e propostas. “O Pampa é o segundo bioma mais degradado do Brasil e já perdeu 60% da sua cobertura original. Todas as considerações estavam em um documento entregue à equipe de transição”, conta.
O ambientalista considera como questão emergencial o que chama de resgate da democracia ambiental. “Defendi que a gente precisa criar novos mecanismos e instrumentos para que a democracia ambiental realmente exista, isso não passa só por revogações mas por mudanças de postura”, sustenta. O primeiro relatório também já foi finalizado, mas o trabalho de diagnóstico e relatório final seguem. Na próxima semana o grupo deve se encontrar presencialmente para prosseguir as deliberações.
Coordenadora nacional da Fasubra, Tereza Fujii participa das discussões sobre Trabalho e Educação. Ela apresentou projeto da instituição que trata sobre educação cidadã para os trabalhadores e indicou situações que avalia precisarem de solução. “Como a Lei 10.620, que leva os nossos aposentados para o INSS e o órgão não tem condições de abarcar mais 700 mil aposentados”, diz, explicando que o INSS trabalha com regime geral da previdência e teria que passar a trabalhar com regime próprio da previdência, que é regido por outras leis.
Assuntos como revogação de decretos que retiram direitos de servidores públicos e retorno dos concursos públicos também foram tratados. “Nossa expectativa é de muito otimismo. Vamos continuar negociando e tentando melhorar a educação como um todo, que ela seja de qualidade, laica e gratuita da pré-escola à pós-graduação.”
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